Odemira: Ex-comandante do posto da GNR alvo de investigação do MP.


Uma denúncia enviada, entre outras instituições, para a Procuradoria-Geral da República, esteve na origem de uma investigação que corre no Ministério Público de Odemira, visando o antigo comandante do posto da GNR, entretanto, transferido para Ourique.

Um Segundo-Sargento, antigo comandante do posto da GNR de Odemira, transferido no passado dia 4 de novembro para Ourique, está a ser alvo de uma investigação por parte do Ministério Público de Odemira e de um processo interno na Guarda, na sequência de duas denúncias anónimas enviadas à Procuradoria-Geral da República (PGR).

A receção do documento foi confirmada ao Lidador Notícias (LN) pela PGR que acrescentou que “as mesmas foram remetidas ao MP de Odemira onde se encontram em investigação”, justificando que o processo “está em segredo de justiça”. Por seu turno o MP de Odemira respondeu “afirmativamente”, a duas questões colocadas: “se tinha conhecimento das referidas denúncias e se estava em curso alguma investigação”.

Nas denúncias enviadas à PGR, mas também à IGAI, PJ de Setúbal e Comando Geral da GNR, são apontadas ao militar a realização de “operações” que visavam “a caça de indivíduos estrangeiros para identificação e mesmo de emissão de contraordenações rodoviárias aos condutores de viaturas de transporte de trabalhadores agrícolas”, sempre direcionadas para cidadãos indianos nepaleses, tailandeses e paquistaneses.

Num dos documentos é apontada a ocorrência, na localidade de Boavista dos Pinheiros, em 1 de março do corrente ano, de um facto descrito como “muito grave” e que tem a ver com a presença de um civil “vestindo um colete tático, possuindo um distintivo e empunhando uma pistola” como se de um militar da GNR se tratasse.

Este civil será proprietário de uma oficina de reparação automóvel para onde seriam “encaminhados” os condutores cujas viaturas apresentassem “anomalias mecânicas”, alvo das contraordenações.

Questionado o Comando Geral da Guarda sobre a situação, o Tenente-coronel Hélder Barros, Chefe da Divisão de Comunicação e Relações Públicas, justificou que “decorre processo-crime promovido pelo MP de Odemira, bem como um processo interno da GNR”.

Quanto à transferência do militar de Odemira para Ourique, o oficial esclareceu que a transferência não foi determinada por razões cautelares, nem como medida provisória, no âmbito dos processos em curso”, rematou.

Segundo apurou o LN, diversos militares que testemunharam as ocorrências foram inquiridos pelo Comandante do Destacamento, tendo os respetivos autos sido remetidos para o MP de Odemira.

Ourique, “o posto do degredo”

Além do Segundo-sargento, outros militares já foram para o posto de Ourique, em casos definidos pelo Comando Territorial de Beja como “atos de gestão dos efetivos”. No interior da instituição há quem intitule Ourique como “o posto do degredo”.

Em 2017, foi transferido para aquela subunidade, um guarda principal do posto de Aljustrel acusado de apontar a arma de serviço a um superior hierárquico.

Em 2011, uma cabo, do posto de Vila Nova de Milfontes, já tinha conhecido a mesma sorte por estar envolvida em alegados atos de corrupção, com mais dois militares, transferidos para outros postos.

Teixeira Correia
(jornalista)


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